sexta-feira, 27 de julho de 2012

JESUS: PRESENÇA, PALAVRA, PODER E PRAZER QUE DÃO SENTIDO À EXISTÊNCIA HUMANA


JESUS: PRESENÇA, PALAVRA, PODER E PRAZER QUE DÃO SENTIDO À EXISTÊNCIA HUMANA
Havendo Deus, antigamente, falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem também fez o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas (Hebreus 1.1-3 – grifos nossos)
No presente momento histórico em que vivemos, tantos pensamentos, tantas filosofias, tanta literatura de auto-ajuda surgem cotidianamente. O objetivo é um só: dar significado à vida humana trazendo equilíbrio emocional, felicidade e paz interior. Nessa direção, no mundo globalizado das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC’s), somos alvo de muitas vozes que querem comunicar tudo a todos, ao mesmo tempo em que não estamos dispostos a ouvir nada e ninguém. Sendo assim, com o advento da internet, as redes sociais buscam nos aproximar geograficamente, ao mesmo tempo em que nos tem distanciado emocionalmente. Por isso, o ser humano está se autodinivizando na medida em que se desumaniza ao pensar que a solução do mundo está dentro de si.
Diante disso, tantas religiões existem atualmente, mas parece que nenhuma delas instrumentaliza plenamente o homem para o reencontro do seu “eu” no Sagrado de tal forma que o (re)humanize. Por conta desse desligamento do homem em relação ao religioso, os indivíduos estão se animalizando ao disseminarem a violência verbal, simbólica e física externas como mecanismo de defesa diante de suas completas desordens internas. Diante desse caos psicológico, tecnológico, filosófico, religioso e ético, quem está com a razão? Quem teria algo a dizer em meio a tantas falas a essa humanidade que padece da síndrome da onipotência, mas que é carente de alento, significado, paz, solidariedade, bondade, felicidade, altruísmos e prazer constante de existir? Além do mais, quem seria capaz de compreender nossos anseios mais íntimos, lacunas emocionais, culpas, perdas, defeitos de caráter, maus hábitos e nos curar do medo do amanhã que nos aflige momentaneamente? Somente o Deus que se fez homem e dividiu a história com sua Presença, Palavra e Poder pode nos devolver a sanidade emocional e nos restituir o prazer e a felicidade com sobriedade de existir novamente: Jesus.
Em primeiro lugar, é a Presença de Jesus que dá sentido a existência humana. Assim, o homem que ainda não conheceu o Cristo de Deus não se conhece de verdade. Sendo assim, nas palavras do apóstolo do amor, percebemos a manifestação da Presença Eterna no âmbito da história: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (João 1.14). Logo, o Filho de Deus, resplendor, imagem, sustentador, purificador e exaltado, renúncia momentamente sua glória celeste para materializar entre nós a presença maravilhosa do Criador. Por assim dizer, quando a Presença Eterna se faz Pessoa Histórica, o mundo pôde ver, sentir, tocar e perceber a glória de Deus por meio de Sua graça e Verdade (I João 1.1-4). Diante disso, Jesus abdica de Sua onipresença para se fazer presente em apenas um lugar de cada vez; renúncia Sua onipotência para depender do poder do Espírito de Deus; não leva em consideração Sua onisciência, buscando depender do conhecimento do Pai em todo o tempo. Neste sentido, aonde sua presença chegava, havia cura, libertação, salvação, amor, paz, ternura e ressurreição. Portanto, é a Presença de Jesus que pode invadir a nossa vida e restituir o sentido da existência que perdemos mediante nossa desconexão com Deus. Por isso, somente o toque de Seu amor, o olhar de Sua misericórdia, o exalar do perfume da Sua graça, os Seus ouvidos abertos ao nosso clamor e a possibilidade de nos alimentarmos dEle, Pão Vivo e Água Viva, é o que pode nos devolver o sentido da existência novamente.
Em segundo lugar, a Presença de Jesus traz consigo a Palavra maravilhosa de Jesus. Por isso, pensemos por um momento na realidade da palavra. Neste sentido, compreendemos que a palavra é veículo de comunicação e tem potencialmente capacidade de criar, de trazer a existência o inexistente por meio da criatividade. Através da palavra podemos demonstrar sentimentos, emoções, pensamentos, desejos e construir nosso mundo de relações exteriores através da verbalização daquilo que está em nosso interior. Diante disso, Cristo Jesus é a Palavra Eterna que se materializou para que pudéssemos conhecer o até então “Deus desconhecido” (Atos 17.22-34).
Assim, não bastasse à materialização pessoal do Verbo na história, a Palavra-Eterna que se tornou Palavra-Pessoa agora nos é dada como Palavra-Escrita. Por assim dizer, o próprio Senhor nos diz: “examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5.39). Portanto, precisamos nos voltar ao contato diário com a Palavra, seja para um momento devocional e/ou o estudo sistemático voluntário e dedicado, a fim de que possamos conhecer melhor a vontade de Deus em nossas vidas. Tal vontade é boa, agradável e perfeita (Romanos 12.2) e tem a ver com nosso aperfeiçoamento de caráter (I Tessalonicenses 4.3) na medida em que vamos nos conformando à Pessoa de Jesus (Romanos 8.28) ao conhecermos a Palavra de Jesus (Lucas 24.44). Sendo assim, não sejamos negligentes em conhecer mais e melhor a Palavra-Escrita com amor e constância diária como os bereanos (Atos 17.11), pois assim fazemos de Pedro nossa voz diante do abandono de muitos no caminho do Senhor, mediante os percalços e frustrações da vida: “Respondeu-lhe, pois Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6.68).
Em terceiro lugar, a Presença que traz a Palavra agora nos expõe ao Poder de Jesus. Sendo assim, como já dissemos anteriormente, apesar de Jesus o “Deus Forte” (Isaías 9.6) e onipotente se limitar à forma humana, ele podia usar o seu poder na dependência do Pai para fazer sinais miraculosos que revelavam sua messianidade e divindade (João 20.30-31). Sua “comida e bebida” era fazer a vontade de Deus que o enviou (João 4.24). Neste contexto, em meio às desordens da natureza, Cristo Jesus com Seu poder ordenou o cessar dos ventos e pôde trazer a calmaria à tempestade.  O resultado: espanto e admiração: “E aqueles homens se maravilhavam dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem” (Mateus 8.27). Assim, como conseqüência de seu auto-esvaziamento, Deus o Pai, exaltou-o soberanamente e lhe deu um Nome sobre todo nome (Filipenses 2.5-11). Logo, é princípio divino que a soberba precede a queda, mas a humildade conduz a honra. No entanto, a maior demonstração do poder de Jesus não foi retórica, exorcista ou cósmica, mas redentora e ética. Corroborando com isso, Paulo afirmou: “porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação do todo aquele que crê [...]” (Romanos 1.16a). Por isso, é na redenção e regeneração do homem alienado de Deus que ouve o chamado do evangelho da graça e responde com fé que reside o poder de Jesus (Efésios 2.8-10). Isso porque, alguns na história experimentaram o poder dos milagres físicos Jesus, mas não conheceram o dunamis (poder) que muda a configuração do caráter humano, fazendo dele uma nova criação (II Coríntios 5.17). Logo, é por meio desse poder que podemos (re)aprender novos hábitos, comportamentos, sentimentos, pensamentos e maneiras de viver e nos (re)humanizar com sentido para a existência. Sendo assim, é nesse poder de Jesus que somos convocados a “sermos testemunhas” em todo tempo, lugar e forma na força do “poder do Seu Espírito” (Atos 1.8), pois, pós-ressurreição Jesus afirmou: “[...] é-me dado todo poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mateus 28.18a-20).
Em quarto lugar, a Presença conhecida por meio da Palavra e do Poder, possibilita-nos a experiência do verdadeiro Prazer de Jesus e com Jesus. Diante dessa verdade, Paulo em meio a prisões físicas podia ser livre na alma para dizer: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos” (Filipenses 4.4). Portanto, frente a uma sociedade que prega o prazer sexual deturpado, o consumismo desenfreado e o status social ensimesmado, Jesus nos convida a (re)significarmos nossos valores nas coisas simples da vida. Cristo nos ensina a olhar para um singelo pássaro ou um lírio do campo e ver seu cuidado maravilhoso por nós, “homens de pequena fé” (Mateus 6.25-30). Por isso, a grandeza do cristianismo está em construir uma ótica de vida em que a grandeza da existência não está na ostentação do ter e do poder, mas na simplicidade do ser. Logo, o prazer perene não se encontra na mera conquista de coisas, mas na comunhão com uma Pessoa-Presença-Palavra-Poder de Deus: Jesus. Ainda em Paulo, na carta aos filipenses, podemos praticar a lição da vida plena: “[...] aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundancia; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto em ter fartura com a ter fome; tanto em ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (4.10-13). Sendo assim, prazer não é sinônimo de poder e posse, mas é resultado de uma vida sustentada pela força da Pessoa de Cristo até mesmo em nossas fraquezas. Assim, podemos entender que nossa história de vida não é retilínea, mas se desenvolve por meio de altos e baixos. Logo, mesmo não tendo nada dos homens, podemos ser tudo em Cristo. Portanto, a alegria de Deus nos faz regozijar sempre! Entretanto, isso não nos faz super-homens e/ou super-mulheres, inatingíveis, inabaláveis emocionalmente e imunizados quanto ao sofrimento. Não, isso é uma mentira. Não sejamos falsos conosco mesmos. Até mesmo na Bíblia, grandes homens de Deus como Davi, Jó, Jeremias, Daniel e por excelência, nosso Mestre Jesus, sofreram muito, ficaram deprimidos e estiveram em face da morte. Como seres mortais sentiram a dor, mas sabiam que “na presença de Deus há delícias perpetuamente” (Salmo 16.11).
Em suma, diante da doce Presença do Cristo que nos amou na eternidade, de sua Palavra que é “lâmpada para nossos pés e luz para nosso caminho” (119.105), do Poder do Senhor apresentado no evangelho da graça e do Prazer indizível resultante da comunhão com Senhor que guarda nossa mente e coração, dediquemos a conhecê-lO mais profundamente. “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6.3) é nosso desafio pessoal diário, no cotidiano do pequeno e grande ajuntamento da Igreja de Jesus. Logo, conhecê-lo mais significa amá-lO mais; amá-lo mais significa obedecê-lo mais renunciadamente aquilo que dEle conhecemos. Diante disso, os dividendos dessa relação de amor obediente e obediência amorosa nos conduzem simplesmente a viver “para o louvor da sua glória” (Efésios 1.6,12,14). Por isso, “[...] todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (II Coríntios 3.18). Em síntese, conhecer profundamente a Pessoa de Jesus é nos conhecer melhor como pessoa humana, é nos humanizarmos na medida em que somos transformados diariamente pelo seu poder divino. Dessa forma, podemos redimensionar nossa auto-imagem de tal forma que, satisfeitos na plenitude do rio de Seu amor incondicional, não buscaremos mais nossa auto-afirmação nas gotas do amor humano utilitário. Tal postura de vida nos faz tomar a atitude de em cada situação triste ou alegre de nossas vidas, em qualquer momento e lugar, saber que “não vivo eu, mas Cristo que vive em mim, e esse viver que agora tenho vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2.20).

Por Hamilton Perninck Vieira
Membro da IBC
Bacharel em teologia, licenciado em pedagogia e especialista em formação de professores 

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