JESUS: PRESENÇA, PALAVRA, PODER E
PRAZER QUE DÃO SENTIDO À EXISTÊNCIA HUMANA
Havendo
Deus, antigamente, falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem também fez o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa
imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
havendo feito por si mesmo a purificação
dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas (Hebreus
1.1-3 – grifos nossos)
No presente momento
histórico em que vivemos, tantos pensamentos, tantas filosofias, tanta literatura
de auto-ajuda surgem cotidianamente. O objetivo é um só: dar significado à vida
humana trazendo equilíbrio emocional, felicidade e paz interior. Nessa direção,
no mundo globalizado das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação
(NTIC’s), somos alvo de muitas vozes que querem comunicar tudo a todos, ao mesmo
tempo em que não estamos dispostos a ouvir nada
e ninguém. Sendo assim, com o
advento da internet, as redes sociais buscam nos aproximar geograficamente, ao
mesmo tempo em que nos tem distanciado emocionalmente. Por isso, o ser humano
está se autodinivizando na medida em que se desumaniza ao pensar que a solução
do mundo está dentro de si.
Diante disso, tantas
religiões existem atualmente, mas parece que nenhuma delas instrumentaliza
plenamente o homem para o reencontro do seu “eu” no Sagrado de tal forma que o (re)humanize.
Por conta desse desligamento do homem em relação ao religioso, os indivíduos
estão se animalizando ao disseminarem a violência verbal, simbólica e física
externas como mecanismo de defesa diante de suas completas desordens internas. Diante
desse caos psicológico, tecnológico, filosófico, religioso e ético, quem está
com a razão? Quem teria algo a dizer em meio a tantas falas a essa humanidade que
padece da síndrome da onipotência, mas que é carente de alento, significado,
paz, solidariedade, bondade, felicidade, altruísmos e prazer constante de
existir? Além do mais, quem seria capaz de compreender nossos anseios mais
íntimos, lacunas emocionais, culpas, perdas, defeitos de caráter, maus hábitos e
nos curar do medo do amanhã que nos aflige momentaneamente? Somente o Deus que
se fez homem e dividiu a história com sua Presença, Palavra e Poder pode nos
devolver a sanidade emocional e nos restituir o prazer e a felicidade com
sobriedade de existir novamente: Jesus.
Em primeiro lugar, é a Presença
de Jesus que dá sentido a existência humana. Assim, o homem que ainda não
conheceu o Cristo de Deus não se conhece de verdade. Sendo assim, nas palavras
do apóstolo do amor, percebemos a manifestação da Presença Eterna no âmbito da
história: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (João 1.14). Logo,
o Filho de Deus, resplendor, imagem, sustentador, purificador e exaltado,
renúncia momentamente sua glória celeste para materializar entre nós a presença
maravilhosa do Criador. Por assim dizer, quando a Presença Eterna se faz Pessoa
Histórica, o mundo pôde ver, sentir, tocar e perceber a glória de Deus por
meio de Sua graça e Verdade (I João 1.1-4). Diante disso, Jesus abdica de Sua
onipresença para se fazer presente em apenas um lugar de cada vez; renúncia Sua
onipotência para depender do poder do Espírito de Deus; não leva em
consideração Sua onisciência, buscando depender do conhecimento do Pai em todo
o tempo. Neste sentido, aonde sua presença chegava, havia cura, libertação,
salvação, amor, paz, ternura e ressurreição. Portanto, é a Presença de Jesus
que pode invadir a nossa vida e restituir o sentido da existência que perdemos
mediante nossa desconexão com Deus. Por isso, somente o toque de Seu amor, o olhar
de Sua misericórdia, o exalar do perfume da Sua graça, os Seus ouvidos abertos
ao nosso clamor e a possibilidade de nos alimentarmos dEle, Pão Vivo e Água
Viva, é o que pode nos devolver o sentido da existência novamente.
Em segundo lugar, a Presença de Jesus traz consigo a Palavra maravilhosa de Jesus. Por isso,
pensemos por um momento na realidade da palavra. Neste sentido, compreendemos
que a palavra é veículo de comunicação e tem potencialmente capacidade de
criar, de trazer a existência o inexistente por meio da criatividade. Através
da palavra podemos demonstrar sentimentos, emoções, pensamentos, desejos e
construir nosso mundo de relações exteriores através da verbalização daquilo
que está em nosso interior. Diante disso, Cristo Jesus é a Palavra Eterna que
se materializou para que pudéssemos conhecer o até então “Deus desconhecido”
(Atos 17.22-34).
Assim, não bastasse à
materialização pessoal do Verbo na história, a Palavra-Eterna que se tornou Palavra-Pessoa
agora nos é dada como Palavra-Escrita.
Por assim dizer, o próprio Senhor nos diz: “examinais as Escrituras porque vós
cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5.39).
Portanto, precisamos nos voltar ao contato diário com a Palavra, seja para um
momento devocional e/ou o estudo sistemático voluntário e dedicado, a fim de que
possamos conhecer melhor a vontade de Deus em nossas vidas. Tal vontade é boa,
agradável e perfeita (Romanos 12.2) e tem a ver com nosso aperfeiçoamento de
caráter (I Tessalonicenses 4.3) na medida em que vamos nos conformando à Pessoa
de Jesus (Romanos 8.28) ao conhecermos a Palavra de Jesus (Lucas 24.44). Sendo
assim, não sejamos negligentes em conhecer mais e melhor a Palavra-Escrita com amor e constância diária como os bereanos (Atos
17.11), pois assim fazemos de Pedro nossa voz diante do abandono de muitos no
caminho do Senhor, mediante os percalços e frustrações da vida: “Respondeu-lhe,
pois Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida
eterna” (João 6.68).
Em terceiro lugar, a Presença que traz a Palavra agora nos expõe ao Poder de Jesus. Sendo assim, como já
dissemos anteriormente, apesar de Jesus o “Deus Forte” (Isaías 9.6) e
onipotente se limitar à forma humana, ele podia usar o seu poder na dependência
do Pai para fazer sinais miraculosos que revelavam sua messianidade e divindade
(João 20.30-31). Sua “comida e bebida” era fazer a vontade de Deus que o enviou
(João 4.24). Neste contexto, em meio às desordens da natureza, Cristo Jesus com
Seu poder ordenou o cessar dos ventos e pôde trazer a calmaria à tempestade. O resultado: espanto e admiração: “E aqueles
homens se maravilhavam dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe
obedecem” (Mateus 8.27). Assim, como conseqüência de seu auto-esvaziamento, Deus
o Pai, exaltou-o soberanamente e lhe deu um Nome sobre todo nome (Filipenses
2.5-11). Logo, é princípio divino que a soberba precede a queda, mas a humildade
conduz a honra. No entanto, a maior demonstração do poder de Jesus não foi
retórica, exorcista ou cósmica, mas redentora e ética. Corroborando com isso,
Paulo afirmou: “porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder
de Deus para a salvação do todo aquele que crê [...]” (Romanos 1.16a). Por
isso, é na redenção e regeneração do homem alienado de Deus que ouve o chamado do
evangelho da graça e responde com fé que reside o poder de Jesus (Efésios 2.8-10).
Isso porque, alguns na história experimentaram o poder dos milagres físicos
Jesus, mas não conheceram o dunamis (poder)
que muda a configuração do caráter humano, fazendo dele uma nova criação
(II Coríntios 5.17). Logo, é por meio desse poder que podemos (re)aprender
novos hábitos, comportamentos, sentimentos, pensamentos e maneiras de viver e
nos (re)humanizar com sentido para a existência. Sendo assim, é nesse poder de
Jesus que somos convocados a “sermos testemunhas” em todo tempo, lugar e forma
na força do “poder do Seu Espírito” (Atos 1.8), pois, pós-ressurreição Jesus
afirmou: “[...] é-me dado todo poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai
todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mateus
28.18a-20).
Em quarto lugar, a Presença conhecida por meio da Palavra e do Poder,
possibilita-nos a experiência do verdadeiro Prazer de Jesus e com Jesus. Diante dessa verdade,
Paulo em meio a prisões físicas podia ser livre na alma para dizer: “Regozijai-vos
sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos” (Filipenses 4.4). Portanto,
frente a uma sociedade que prega o prazer sexual deturpado, o consumismo
desenfreado e o status social ensimesmado, Jesus nos convida a
(re)significarmos nossos valores nas coisas simples da vida. Cristo nos ensina
a olhar para um singelo pássaro ou um lírio do campo e ver seu cuidado
maravilhoso por nós, “homens de pequena fé” (Mateus 6.25-30). Por isso, a
grandeza do cristianismo está em construir uma ótica de vida em que a grandeza
da existência não está na ostentação do ter
e do poder, mas na simplicidade do ser. Logo, o prazer perene não se
encontra na mera conquista de coisas, mas na comunhão com uma Pessoa-Presença-Palavra-Poder
de Deus: Jesus. Ainda em Paulo, na carta aos filipenses, podemos praticar a
lição da vida plena: “[...] aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei
estar abatido e sei também ter abundancia; em toda a maneira e em todas
as coisas estou instruído, tanto em ter fartura com a ter fome; tanto
em ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que
me fortalece” (4.10-13). Sendo assim, prazer não é sinônimo de poder e posse, mas é resultado de uma vida sustentada pela força da Pessoa de Cristo até mesmo em nossas
fraquezas. Assim, podemos entender que nossa história de vida não é retilínea,
mas se desenvolve por meio de altos e baixos. Logo, mesmo não tendo nada dos homens, podemos ser tudo em Cristo. Portanto, a alegria
de Deus nos faz regozijar sempre! Entretanto, isso não nos faz super-homens
e/ou super-mulheres, inatingíveis, inabaláveis emocionalmente e imunizados
quanto ao sofrimento. Não, isso é uma mentira. Não sejamos falsos conosco mesmos.
Até mesmo na Bíblia, grandes homens de Deus como Davi, Jó, Jeremias, Daniel e
por excelência, nosso Mestre Jesus, sofreram muito, ficaram deprimidos e estiveram
em face da morte. Como seres mortais sentiram a dor, mas sabiam que “na
presença de Deus há delícias perpetuamente” (Salmo 16.11).
Em suma, diante da doce
Presença do Cristo que nos amou na eternidade, de sua Palavra que é “lâmpada
para nossos pés e luz para nosso caminho” (119.105), do Poder do Senhor
apresentado no evangelho da graça e do Prazer indizível resultante da comunhão
com Senhor que guarda nossa mente e coração, dediquemos a conhecê-lO mais
profundamente. “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6.3) é
nosso desafio pessoal diário, no cotidiano do pequeno e grande ajuntamento da
Igreja de Jesus. Logo, conhecê-lo mais significa amá-lO mais; amá-lo mais
significa obedecê-lo mais renunciadamente aquilo que dEle conhecemos. Diante
disso, os dividendos dessa relação de amor obediente e obediência amorosa nos
conduzem simplesmente a viver “para o louvor da sua glória” (Efésios 1.6,12,14).
Por isso, “[...] todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho, a
glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como
pelo Espírito do Senhor” (II Coríntios 3.18). Em síntese, conhecer
profundamente a Pessoa de Jesus é nos conhecer melhor como pessoa humana, é nos
humanizarmos na medida em que somos transformados diariamente pelo seu poder
divino. Dessa forma, podemos redimensionar nossa auto-imagem de tal forma que,
satisfeitos na plenitude do rio de Seu amor incondicional, não buscaremos mais nossa
auto-afirmação nas gotas do amor humano utilitário. Tal postura de vida nos faz
tomar a atitude de em cada situação triste ou alegre de nossas vidas, em
qualquer momento e lugar, saber que “não vivo eu, mas Cristo que vive em mim, e
esse viver que agora tenho vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e a si
mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2.20).
Por Hamilton
Perninck Vieira
Membro da IBC
Bacharel em
teologia, licenciado em pedagogia e especialista em formação de professores
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