terça-feira, 5 de abril de 2011

A FORÇA DA FRAQUEZA HUMANA

Como um pai se compadece seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem, pois conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó (Sl 103.13-14)

             Diante da sociedade capitalista que prega a competitividade pautada na força, assistimos a gradual decadência do ser humano a cada dia que passa. A realidade da seleção natural anunciada por Darwin no século XIX destruiu nossa humanidade: o mais evoluído sobrevive ao menos evoluído. Contudo, encontramos aqui um grande paradoxo: a sociedade busca formar o homem para vencer e por isso não sabe lidar com os fracassos, para ser forte e por isso não sabe lidar com suas fraquezas, para viver e por isso não sabe lidar com a morte. Nisso, reside a força da fraqueza humana.
              Sendo assim, o homem busca encontra-se em si mesmo. Entretanto, ao contrário do que pregava a filosofia sofista de Protágoras (480-410 a.C), “o homem é a medida de todas as coisas”, o ser humano tem buscado respostas em suas próprias perguntas. Por isso, não tem conseguido equalizar suas frustrações existenciais. O resultado são dores, tristezas, baixa autoestima, depressão, doenças psicossomáticas, suicídios, homicídios, fome, miséria, guerras, catástrofes, etc.
             Nesta direção, somos convidados a voltar às nossas origens. Assim, para melhor conhecer a função e a razão de ser criação, precisamos pensar sobre nosso Criador. Portanto, o ser humano não pode ser forte, pois sua essência é ser fraco. Logo, o homem só pode ser forte quando reconhece suas fraquezas Naquele que é o TODO-PODEROSO. Por assim dizer, é o temor que se pauta na compaixão e não na condenação. Por isso, o Criador se compadece da criatura pois sabe que sua “estrutura é pó”. Neste sentido, nossa vida é como uma nuvem e/ou a sombra que vem e logo vai. Portanto, “do pó viemos e ao pó tornaremos” (Ec 7.20). Assim, quando em nossa fraqueza humana nos deparamos com a Força Divina, a reação é temor, rendição, entrega e adoração.
Mas e agora: como viver nesse mundo que a cada dia mais caminha para a degradação? Onde encontrar forças na fraqueza, alegria na tristeza, vida na morte? Eis aqui a resposta: “De tal coisa [revelações divinas] me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo de minhas fraquezas [...] porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (II Co 12.5,10). Diante disso, é na entrega de nós mesmos em fraquezas que encontramos força em Deus. Logo, é no amor e compaixão paternal de Deus que encontramos vida para lutar contra a morte, alegria para lutar contra a tristeza. Em suma, é conhecendo mais a compaixão divina que conseguimos superar nossa miséria humana.

Por Hamilton Perninck Vieira
Fortaleza, 20 de abril de 2010

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